2012.

Não,
o mundo não vai terminar
estarei vivo
e preciso sentir-me por mais algum tempo,
afastado das nuvens e das plantas
dos poetas e dos bêbados
não sinto o toque sequer
de uma criança que me olha com afeto,
me perpetuo
amo com medo
nem sei mais
a onde queria estar.
sem filtro
respirar tem sido duro
abordo alguém
no quarto escuro
e lhe-pergunto
a onde?
ele responde
mais ainda não lhe-escuto.

Leminskiando*

Para ocupar a mente, me dedicarei agora a falar mal dos artistas felizes. Odeio artistas que bancam os felizes, como bem sucedidos auto indulgentes de forma geral, assim como odeio cínicos(apesar de ter sido um por muito tempo). Afinal de contas o que se entende por cinismo!? vamos pelo seu sinônimo; "impudência: s.f. Insolência, descaramento que revolta: teve a impudência de sustentar uma coisa que sabia falsa.
Ato, palavra impudente; impudor." Descaramento que revolta, que tal!? Então deve haver descaramento que não revolta e vou chamá-la de humor: "Veia cômica, ironia delicada e alegre, que se disfarça sob uma aparência de coisa séria; humorismo.", acredito que tenha a ver.Como dentro do cínico cabe tanto o artista que banca o feliz, quanto o bem sucedido auto indulgente,considero mais interessante dedicar-me a ele.
O cínico deve equivaler a uns 20% da população desta cidade(Belém), que deve ter como maioria tolos(pessoas que não costumam pensar sobre nada) e ranzinzas(mal-humorados crônicos) e um percentual pequeníssimo de bem-humorados.Julgo a partir da definição do dicionário online, o "bem humorado" o bem aventurado politicamente, o virtuoso de nossos tempos, pois ao mesmo tempo que não se mantém abestalhado(tolos) não cai nas garras comodas do cinismo e do mal humor(crônico),e por conseguinte julgo o cínico como o decadente definitivo. O cínico é a meretriz politica, e o politico partidário do Brasil, em sua grande maioria é a continuação super star deste, que diante da primeira oportunidade de tirar vantagem, justifica seu ato no problema. "-é meu filho, este não sou eu, é o mundo", e este rodo passa e esmaga tudo. O que mais me incomoda no cínico é sua capacidade de desmobilizar. Do alto de seu altar, o cínico com aparente inteligência reproduz seus preconceitos aos tolos( não se onde estes se confundem, mas sei que no fundo há uma diferença, acredito que os tolos tem muito mais a nos ensinar)que os deglutem sem pensar.E os artistas que bancam os felizes e bem-sucedidos auto-indulgentes que tem a ver com isso!? Sei lá, para um meio ranzinza meio bem-humorado como eu, no minimo parece muito cinismo, aparentar uma felicidade tola num quadro social tão deprimente.
Como desde o principio não sabia onde queria chegar muito bem,e decidi por escrever este texto somente com os fins de produzir algo e ocupar minha mente, termino aqui este pseudo-tratado sobre o cínico e mesmo consciente da minha total redundância e nem tanto de minha muitas contradições, espero ter dito alguma coisa a quem lê-lo, e prometo futuramente me aprofundar mais em meus termos, afinal de contas já nos bastam de baboseiras cínicas. Espero conseguir me manter firme e forte contra as garras do cinismo e da incredulidade, e dar-lhes textos bem mais encabeçados que este tolo desabafo pessoal, disfarçado de tratado.

*leminskiando: neo-logismo inventado por mim, que se refere a uma passagem de um livro(não me lembro exatamente qual) do poeta e linguista Paulo Leminsk, que afirma que o ato de escrever se relaciona a forma de pensar. "-escrever bem, é pensar bem" diz ele. Desta forma "leminskiar" seria o exercício de tentar escrever pensamentos em forma de prosa, como exercício do pensar e consequentemente do escrever.

Dentro

No coração
era tudo
com petição.

e por quê não?
seguir em frente,
sem direção
sem de repente.